Já tentei ser Marilyn, Audrey, Margareth,
Elizabeth, Cora, Marta... Perdi noites buscando encaixar minha teoria em Locke,
Hobbes, Rousseau, Maquiavel, Montesquieu, Weber, Marx e tantos outros mais.
Me procurei
em Lollita, Julieta, Iracema, Bovary, Helena, Atena, Artemis, Afrodite, Amélie...
Mas
depois de não me encontrar em lugar nenhum, resolvi investir nessa coisa de ser
eu mesma.
Eu, com
meus encantos e descompassos. Eu, de cara limpa, com tudo o que encontrei por
debaixo do lençol.
Usar
máscara por muito tempo faz da verdadeira face apenas uma sombra da deformação
que se instala, e se já me confundo na observação das minhas verdades, como eu
entenderia as mentiras que produziria para disfarçá-las? Demasiado trabalhoso.
Complicado além da conta.
Achei
justo, portanto, acertar meus ponteiros , colocar os vagões no trilho e me
mostrar assim, desse jeito, sem discurso pronto, inventando minhas próprias
teorias e me desencaixando do padrão. E que mal há em ser o que somos? Afinal,
não é pra isso mesmo que estamos aqui?
Se houvesse
uma classificação para meu tipo de tribo, seríamos os híbridos idealistas, uma
loucura tão grande quanto o nome. Seriamos Gandhi misturados com Che, teríamos
um pouco de Mandela com uma pitada de Elvis. Seríamos como aquelas figurinhas
de goma de mascar que misturavam animais: borboruga, cachomelo, girapótamo,
macaleão...
Eu sou
assim hoje, amanhã me reinvento e depois nem sei.
Mas o
divertido da vida é isso: ser o que somos, sem medo. É mais digno, limpo e
cheiroso. Ser o que somos é como quando saímos do banho frio em dia quente, é
fresco, aliviante e dá vontade de ficar mais. A gente fica mais na gente quando
somos o que somos, e os outros também.
Descobri
que além de tudo, sendo do jeito que sou, tudo ao meu redor fica de verdade.
Nada de mundo falsificado.
E se tudo
vira verdade, não tem lugar para o medo, pois ser o que somos é solo firme,
onde andamos de olhos fechados.
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